Cara N.

Começo por salientar que a explosão emocional eclode sempre de uma sucessão de fatores internos ou externos que o sujeito foi arquivando. As respostas humanas ao mal-estar surgem sob vários formatos. Pode ser através de inibição, em que a pessoa prefere fechar-se sobre si mesma e guardar o que sente ou pensa; Pode ser através de sintomas psicossomáticos, como dores de cabeça, de estômago, ou qualquer outro desconforto físico, através do qual manifeste o seu excesso de tensão psíquico, (e aqui vale a pena recordar que a cabeça não está separada do corpo); Pode ser através de angústia, mistura de perda de quietude interna com dor emocional, ressentimento e profunda tristeza, ou, em última instância, pode ser por ação. O Sujeito age sobre algo ou sobre alguém como forma de expelir a sua raiva, frustração ou até medo.

Não existe uma receita pronta para controlar os momentos de explosão. Existe sim, a possibilidade antecipada de a prevenirmos.

A “explosão”, conforme a designa, também pode ter catalogações distintas. Uma coisa é uma irritação de momento, em que por cansaço, fome ou mau estar físico, a pessoa se impacienta. Outra coisa diferente é passar por repetidas explosões em situações diversas de forma persistente.

A resposta para esta última pode estar no cérebro.

As flutuações dos níveis de serotonina no cérebro, que ocorrem frequentemente quando alguém não comeu ou está stressado, afeta regiões cerebrais que permitem às pessoas regularem a raiva, segundo uma nova pesquisa da Universidade de Cambridge.

A pesquisa revelou que a diminuição de serotonina cerebral estabelece comunicações mais fracas entre regiões cerebrais específicas do sistema límbico, a amígdala e os lóbulos frontais. As descobertas sugerem que quando os níveis de serotonina são baixos, podem tornar mais difícil ao córtex pré-frontal o controlo das respostas emocionais à raiva que são geradas dentro da amígdala.

Usando um questionário de personalidade, também determinaram quais os indivíduos que têm uma tendência natural para se comportarem de forma agressiva. Nestes indivíduos, as comunicações entre a amígdala e o córtex pré-frontal eram ainda mais fracas após o esgotamento da serotonina. Comunicações “fracas” significam que é mais difícil para o córtex pré-frontal controlar os sentimentos de raiva que são gerados dentro da amígdala quando os níveis de serotonina são baixos.

Vale a pena referir outros aspetos para além dos cerebrais.

Sujeitos criados em ambientes violentos têm maior propensão à repetição desse padrão. Sendo que valerá a pena destacar que a violência pode ser física, psicológica ou uma mistura de ambas pelo que o seu resultado tende a carecer de apoio psicológico e até, quando o Indivíduo deixa de ter controlo sobre os seus comportamentos, de acompanhamento médico.

Terapia, exercício físico, meditação, socialização e fomento de interesses culturais partilhados com terceiros são bons mecanismos de cura. Leva tempo mas requer persistência e acompanhamento, quer de entes queridos, quer de profissionais que possam ajudá-la.

Carla Corsello

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