E se de repente fossemos descascando camadas? Camadas de pensamentos circulares, camadas de expectativas, camadas de retalhos acumulados do que outrora foi? Se de repente fossemos descascando camadas? De julgamento, de ideias pré-concebidas, de ressentimentos, de mágoas retidas, viradas pra dentro, transformadas em dor física e em químicos perseguidores de liberdade vital? Se descascássemos camadas de culpas, de medos acumulados? De vaidades bacocas que disfarçamos com amostras de abnegação, de filantropia exposta, conhecimento de tudo e de todos, assim como quem não quer a coisa…nem nós mesmos…E se continuássemos a descascar camadas de dores de cabeça, de dores de pescoço, de vertigens, de ataques de pânico. Se o espaço aberto não parecesse por mais de meia-hora tão opressor quanto o confinamento de espaços diminutos, vivenciados, amarrados à nossa cela interna? Camadas e mais camadas a descascar de bocados de vida, de cheiros, de sabores, de amores, de desamores…descascar almas e descobrir o que fica. Tenho esta impressão de que descascando tudo, até a roupa, o corpo, não fica mais do que o silêncio, a energia de que somos realmente feitos, a nossa essência. Esse é momento. A roda da vida começa uma corrida flutuante, construindo, recomeçando, permanecendo em simbiose com a natureza. A própria. Este é o fundamento da terapia.

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