Olhem para a imagem.
Uns dirão que vêem um casal. Outros dirão que vêem apenas um lago. Outros poderão ver o semblante e o corpo de um bebé. Cada um verá consoante a sua perspetiva. Pensava muito nesta questão sobretudo quando me pediam para falar de Gestão de Conflitos.
A quantidade de equipas disfuncionais existentes nas empresas por falta de comunicação ou por excesso de comunicação tóxica é responsável por muitos dos insucessos empresariais a que tantas vezes assistimos. Quando dava formação, acontecia deparar-me frequentemente com organogramas tão extensos e confusos que me perguntava como poderiam os colaboradores conduzir e definir metas para o seu trabalho de forma clara, quando, à partida, o que deveria ser um primeiro gráfico orientador da Organização, não passava de um conjunto de boxes alinhadas em três ou quatro linhas sobrepostas que em nada simplificavam a visão da empresa para a estratégia a seguir. Sem trabalho prévio de grupo não há comunicação. Até mesmo uma pessoa que tenha lançado um negócio aparentemente simples, de forma relativamente veloz e solitária, compreenderá rapidamente que não poderá suportar o projeto só, pelo que a comunicação com colegas, colaboradores, fornecedores e clientes deverá ser trabalhada como um dos motores principais para a continuidade sadia e crescente do mesmo. O processo replica-se na vida pessoal, nas famílias, nos casais, entre pais e filhos…
Existem excessivos mitos relativamente à Comunicação e talvez seja útil compreendermos o quanto nos deixamos levar por eles, mais vezes do que o desejável e de forma quotidiana.
– Comunicamos sempre de forma intencional;
– As palavras têm o mesmo significado para todos;
– Comunicamos apenas através das palavras que proferimos;
– A mensagem que emitimos é sempre idêntica à mensagem recebida pelo outro.
Nenhuma destas ideias pré-concebidas traduz a realidade da comunicação entre pessoas.
O ser humano é tão complexo que por vezes passa para o mundo, informação da qual nem toma consciência. Basta que esteja a atravessar um momento de baixa resistência física ou emocional e a sua capacidade de transmissão cristaliza, excede ou entra em défice sem que ninguém entenda os motivos dessa inaptidão.
Basta pensar que só com muito trabalho e boa vontade é que, num universo de 100 mil milhões de neurónios em constante multiplicação, reproduzidos por sete biliões de almas, se consegue estabelecer pontes.
Resta saber quantos estão dispostos a ter o trabalho de análise e de tentativa de compreensão. Fica para reflexão.